Um dos mestres indiscutíveis dos quadrinhos mundiais, suas contribuições para a arte são consideradas únicas e altamente inovadoras. Alberto Breccia nasceu em Montevideo, em 1919, mas cresceu nos subúrbios de Buenos Aires, onde passou a viver com a família desde os três anos de idade. Autodidata, publicou pela primeira vez aos 19 anos, em uma revista de bairro chamada Acento, enquanto ainda trabalhava em um matadouro da capital argentina. Entre 1947 e 1959 ilustrou a série Vito Nervio. Diz a lenda que tomou um “puxão de orelhas” de Hugo Pratt, o qual teria dito que Breccia poderia estar fazendo coisas grandes, mas continuava em Vito Nervio.
Em 1958 cria o personagem Sherlock Time, em parceria com H. G. Oesterheld, para quem também ilustra diversos capítulos da série Ernie Pike. Os trabalhos com Oesterheld iniciam uma nova fase na carreira de Breccia. A dupla viria a executar importantes obras, como Mort Cinder (1962), A Vida do Che (1968), em que divide o traço com seu filho, Enrique Breccia, e O Eternauta (1969), em uma breve reformulação do clássico personagem argentino criado em 1957 por Oesterheld e pelo desenhista Francisco Solano Lopez.
Durante os anos 1950 e 1960, se torna um dos “membros honorários” do Grupo de Veneza, formado por artistas italianos em atuação na Argentina, como Hugo Pratt, Horacio Lalia e Ido Pavone. Em março de 1966 fundou, juntamente com outros colegas como Pereyra, Zoppi e Garaycochea, o Instituto de Diretores de Arte, deixando temporariamente a carreira de desenhista para se dedicar ao ensino, vindo a retornar somente em 1968, justamente para a parceria com seu filho, Enrique, e Oesterheld em A Vida do Che.
Em 1973 realiza para a revista italiana Il Mago a adaptação de Os Mitos de Cthulhu, de H. P. Lovecraft, com roteiro de Norberto Buscaglia. Também em 1973 recebe o Prêmio Yellow Kid. A década de 1970 é marcada pela sua parceria com Carlos Trillo, em obras como Um Tal Daneri (1974), Quem tem Medo de Contos de Fadas? (1976), uma sátira aos contos dos Irmãos Grimm, e Ninguém – publicada quase simultaneamente nas revistas Tit-Bits (Argentina) e Skorpio (Itália) entre 1976 e 1978 – trabalho que marca a absoluta maturidade artística de Breccia, mesclando inovações gráficas a um elegante traço acadêmico.
Com roteiro de Juan Sasturain, publica Perramus em 1983, primeira história em quadrinhos a receber o Prêmio Anistia Internacional. Em 1991 adapta Informe sobre Cegos, de Ernesto Sábato. Em 1992 é convidado a participar de uma série de histórias em quadrinhos em homenagem ao Quinto Centenário da República Argentina, trabalhando na adaptação do texto de Lope de Aguirre, El Dorado – o Delírio.
Na Europa, Alberto Breccia é reconhecido como um dos pilares da chamada “escola argentina do preto e branco“, ao lado de seu filho, Enrique Breccia, e de Hugo Pratt (curiosamente, somente Enrique Breccia é, de fato, argentino).
El Viejo, como carinhosamente era chamado entre os artistas argentinos, faleceu em 10 de novembro de 1993. Por toda a sua carreira, consolidou-se como um dos mais importantes quadrinistas da história, respeitado e aclamado mundialmente, enunciado como referência por renomados artistas como Dave McKean, Bill Sienkiewicz e Frank Miller, que afirmou ser a história dos quadrinhos dividida entre antes e depois de Alberto Breccia.